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A partir do operador diferencial
obtivemos o gradiente de um
campo escalar,
, e o divergente de um campo vetorial,
. Uma terceira operação possível é
a seguinte: seja
um campo
vetorial. O operador diferencial nabla é
Logo, pode-se pensar em definir
, o
produto vetorial de
pelo campo vetorial
.
Temos
que dá, realizando os produtos vetoriais e simplificando,
 |
(87) |
denomina-se o rotacional do campo vetorial
, e é, também ele, um campo vetorial.
Como regra mnemônica costuma-se usar
 |
(88) |
Este determinante simbólico5 deve ser expandido, à maneira de Laplace, em
relação à primeira linha. Desta forma reproduz-se (87).
O leitor tem todo o direito de estar curioso. Que bichos são esses? Quando
é que um campo tem divergente zero? Quando é que tem rotacional zero?
Quando é que não tem? Por que todas essas definições?
Mais tarde, quando tivermos à disposição os teoremas integrais de
Gauss-Ostrogradskii e Stokes, poderemos mostrar com simplicidade o campo
vetorial típico com divergente zero e aquele com rotacional zero. Os
nomes desses operadores encontrarão também uma justificativa. Neste meio
tempo vamos apresentando alguns resultados parciais.
Exemplos:
(1) Um campo vetorial uniforme tem tanto o divergente quanto o
rotacional iguais a zero, pois as derivadas parciais de todas as
componentes são nulas.
(2) Considere o campo vetorial definido assim: seja
o ponto de
coordenadas (
). Toma-se o vetor que parte da origem até o ponto
,
e se o transporta, sempre paralelo a si mesmo, até que sua origem seja o
ponto
. Chamaremos este campo vetorial simplesmente de
. Note
que o vetor associado à origem é o vetor
. Este campo tem
divergente não-nulo. De fato,
. Os vetores
``divergem'' a partir da origem. O rotacional deste campo é zero, como é
imediato verificar.
(3) Considere um disco rígido no plano
girando, com velocidade
angular constante, em torno do eixo
que passa pelo seu centro. Em cada
ponto do disco, seja
o vetor velocidade do ponto. Obtém-se
assim um campo de vetores que são tangentes a círculos de centro na
origem e que estão todos no plano
. Conseqüentemente,
em
todos os pontos. Seja
um vetor ao longo do eixo
cujo
módulo é igual à velocidade angular
do disco, e cujo sentido
é o sentido positivo do eixo, se a rotação for
anti-horária. Então o campo vetorial pode ser descrito de uma forma
simples:
 |
(89) |
Como
e
,
 |
(90) |
O cálculo do rotacional dá:
 |
(91) |
O leitor não terá dificuldades em mostrar que, por outro lado,
. O campo de vetores ``roda'', e o seu ``rotacional''
é diferente de zero. O rotacional foi introduzido pelo grande físico e
médico Hermann von Helmholtz para descrever turbilhões em fluidos, como os
tornados na atmosfera. Para uma descrição mais completa de seus grandes
trabalhos, veja ([15]).
(4) Considere agora um disco de poeira cósmica girando em torno de uma
estrela, supondo, por simplicidade, órbitas circulares. Cada grão de
poeira é um planeta, e se move segundo as leis de Kepler. A que nos
interessa é a terceira, que é obtida impondo que a força de
atração gravitacional coincida com a força centrípeta.
 |
(92) |
ou
 |
(93) |
(aqui, naturalmente,
é a constante de gravitação universal, e
é a massa da estrela). No exemplo anterior vimos que um vetor tangente a um
círculo no plano
tem a forma
. Portanto,
podemos afirmar que a velocidade do grão de pó que está numa órbita
circular de raio
é
 |
(94) |
com
tal que
 |
(95) |
Isto determina completamente o campo de velocidades, que é dado por
O cálculo do rotacional dá (bom exercício!)
 |
(98) |
É também um bom exercício mostrar que o divergente deste campo de
velocidades também é zero.
As figuras abaixo exibem campos típicos com rotacional
não-nulo e com divergente não-nulo.
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Henrique Fleming
2003-08-11