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Como aplicação, vamos ao problema de Kepler. Na origem do
sistema de coordenadas está o Sol, de massa
. O vetor
vai do Sol à Terra, de massa
. A força, segundo Newton, é
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(59) |
Como o vetor
é
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(60) |
temos
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(61) |
Usando (57),
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(62) |
e, ``dividindo por
'',
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(63) |
onde usamos a notação de Newton: o ponto sobre o símbolo
significa sua derivada no tempo.
A derivada segunda de
não oferece novas dificuldades.
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(64) |
As derivadas dos vetores de base podem facilmente ser calculadas
usando (57) e (58). Obtemos:
Levando este resultado a (64), obtemos
 |
(67) |
A lei de Newton assume então a forma:
 |
(68) |
Igualando os coeficientes dos vetores, temos as equações
procuradas:
O prosseguimento em direção à obtenção das
soluções consiste, em primeiro lugar, em notar que,
multiplicando a segunda, termo a termo, por
, podemos
reescrevê-la assim:
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(71) |
que é a mesma coisa que
 |
(72) |
ou ainda
constante |
(73) |
Não é dificil identificar esta constante (considerando, por
exemplo, o caso particular de órbita circular): trata-se do
momento angular por unidade de massa. Logo, introduzindo a
notação
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(74) |
para o momento angular, podemos escrever
 |
(75) |
Inserindo este resultado em (69) e remexendo um pouco,
obtemos a equação
 |
(76) |
Resolvendo-se esta equação diferencial para
e usando-a
em
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(77) |
podemos determinar
. Isto determina completamente o
movimento.3 Vamos fazer uma análise qualitativa do movimento, usando a equação
(76). Esta equação não contém o ângulo
. Pode
ser pensada como a equação de movimento como visto por um observador
que gira junto com a Terra, e só percebe o movimento radial. Como não é
um sistema inercial, devemos estar prontos para achar forças de inércia.
De fato, multiplicando (76) por
, temos
 |
(78) |
ou seja, a massa vezes a aceleração (neste sistema a única aceleração
é a radial) é igual à força de Newton mais uma força que é zero se
o momento angular
for zero. Esta força é chamada de ```força centrífuga''',
e é uma força de inércia.
Multiplicando termo a termo por
, obtemos
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(79) |
que pode ser escrita assim:
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(80) |
ou seja,
 |
(81) |
onde
é uma constante. Podemos interpretar esta equação assim:
a energia
é constituída da energia cinética
mais a energia potencial, que vem em duas partes: uma atrativa,
e uma repulsiva,
.
Denotando por
a soma das duas energias potenciais, temos o seguinte gráfico:
O movimento só é permitido nas regiões onde
, do contrário teríamos
energias cinéticas negativas, o que é impossível. Se o planeta tem energia
como na figura, seu movimento radial se dá entre os dois pontos em que a linha tracejada
corta a curva de
, denotados na figura por
e
.
Há então um valor máximo e um mínimo de
, correspondendo
ao movimento elíptico com o perihélio e o afélio sendo, respectivamente,
e
. Notem que, para a reta da energia que tangencia
a curva de de
(no seu mínimo), temos um único valor possível
para
: a órbita é circular. Vemos assim que, para um determinado momento
angular fixo, a órbita de menor energia é a órbita circular.
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Henrique Fleming
2003-08-11