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As coordenadas cartesianas são as melhores, mas não são as
únicas. Para determinar o vetor
, que vai da origem ao
ponto
, podemos dar as
três componentes cartesianas de
, que vêm a ser as
três coordenadas cartesianas de
, mas também podemos dar o
tamanho do vetor, sua direção e seu sentido. Ou seja, o módulo
e dois ângulos que podem ser os ângulos
e
da figura. As coordenadas esféricas do
ponto
são, então,
,
e
.
A relação entre as coordenadas cartesianas e esféricas é
dada por
sendo as inversas dadas por
As coordenadas cartesianas referem-se à base fixa formada pelos vetores
unitários
,
e
. De fato, o vetor de
posição
, que termina no ponto
, tem
projeções ao longo dos eixos dessa base que são exatamente as
coordenadas de
. Note-se que
Qual será a base que, para as coordenadas esféricas, desempenha
o papel da base
,
,
? A pista está dada
pelas equações acima: devemos procurar os vetores que são os
gradientes das funções
,
,
.
Temos:
 |
(19) |
Logo, temos o primeiro vetor da base,
 |
(20) |
Analogamente, podemos calcular
:
Finalmente, calculamos
:
Verifica-se sem qualquer dificuldade que os vetores
,
e
são ortogonais, e que
é unitário. Contudo,
é tal
que
 |
(21) |
e
é tal que
 |
(22) |
Em princípio não há qualquer problema em usar uma base
de vetores não unitários. Porém, uma base ortonormal tem os
seus confortos,2 e então preferimos usar os vetores
Em termos desta base, seja
um vetor que começa no ponto
. Então podemos escrever
 |
(26) |
ou
 |
(27) |
Como um exemplo não-trivial do uso de coordenadas curvilíneas,
vamos tratar do problema de Kepler (Terra em redor do Sol). Como se
sabe, a trajetória de uma planeta está contida num plano que
também contém o Sol. Assim, podemos, sem perda de generalidade,
considerar o problema como sendo bidimensional o que nos permite
utilizar coordenadas polares no plano.
A conexão entre as coordenadas polares e as cartesianas é dada
pelas fórmulas
e pelas inversas
Seja
um vetor de posição. Como
mostra a figura, suas componentes ao longo dos eixos
e
são
as coordenadas do ponto localizado na sua extremidade. Seja
este
ponto, e
um ponto muito próximo, de coordenadas
. Se
denota o vetor de
a
, temos
 |
(32) |
Se denotarmos por
o quadrado da distância entre
e
,
temos
 |
(33) |
Para construir uma base apropriada para as coordenadas polares, vamos
calcular
e
:
ou seja,
 |
(35) |
 |
(36) |
Para ter uma base ortonormal, escolhemos
isto é,
Diferentemente de
e
, os vetores da base adaptada
às coordenadas polares (Cartan falava na ``base natural'' das
coordenadas polares) não são constantes. Fala-se, então, numa
``base móvel'', ou ``referencial móvel'' (moving frame).
Já que são funções, calculemos suas diferenciais:
Estes dois vetores podem ser expandidos na base formada por
e
. Usando a notação de Cartan,
pomos
Antes de prosseguir no cálculo, vamos fazer uma digressão sobre
coordenadas curvilíneas num contexto um pouco mais geral.
Sejam
(
, coordenadas curvilíneas num
espaço que admite um sistema de coordenadas cartesianas. A
expressão das
em termos das coordenadas cartesianas é
conhecida.
Construímos, calculando os gradientes das funções
e
normalizando, os vetores
, (
), tais que
 |
(45) |
Diferenciando ambos os membros, temos
 |
(46) |
ou
 |
(47) |
Ora,
 |
(48) |
logo,
 |
(49) |
e, como
, temos
 |
(50) |
que dá
 |
(51) |
Daqui se conclui que
Vemos que as expressões em (43) podem ser simplificadas,
pois
e
.
Para calcular
, lembremo-nos de que, numa base
ortonormal,
 |
(54) |
Comparando com (44), chegamos a
 |
(55) |
O produro escalar acima é facil de calcular:
Conclui-se então que
 |
(56) |
e que, portanto,
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Henrique Fleming
2003-08-11