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Fórmulas de Green

Seja $ u$ uma função tal que

$\displaystyle \vec{\nabla}^2u=0\;,$ (174)

ou seja, $ u$ é solução da equação de Laplace. Diz-se então que $ u$ é harmônica. Sejam $ u$ e $ v$ duas funções definidas em uma região $ R$, e seja $ \Sigma$ a superfície (eventualmente composta de várias partes conexas) que delimita essa região. Apliquemos o teorema do divergente à função $ u\vec{\nabla}v$. Temos, preliminarmente, que

$\displaystyle div(u\vec{\nabla}v)=u\vec{\nabla}^2v + \vec{\nabla}u.\vec{\nabla}v$ (175)

Logo,

$\displaystyle \int div(u\vec{\nabla}v)dV =\int u\vec{\nabla}^2v dV +\int \vec{\nabla}u.\vec{\nabla}v dV = \int_{\Sigma}u\vec{\nabla}v.\vec{n}dS$ (176)

onde a igualdade entre a primeira e a última integrais constitui o teorema do divergente. Rearranjando, temos

$\displaystyle \int dV \vec{\nabla}u.\vec{\nabla}v = -\int dV u\vec{\nabla}^2v +\int_{\Sigma}u\vec{\nabla}v.\vec{n}dS$ (177)

Esta equação é denominada primeira fórmula de Green. Considere agora a função $ u\vec{\nabla}v-v\vec{\nabla}u$, e apliquemos a ela o teorema do divergente. Temos

$\displaystyle \int dV div(u\vec{\nabla}v-v\vec{\nabla}u)=\int dv(u\vec{\nabla}^2v -v\vec{\nabla}^2u) = \int dS(u\vec{\nabla}v-v\vec{\nabla}u).\vec{n}$ (178)

Logo,

$\displaystyle \int dv(u\vec{\nabla}^2v -v\vec{\nabla}^2u) = \int dS(u\vec{\nabla}v-v\vec{\nabla}u).\vec{n}$ (179)

Esta igualdade é denominada segunda fórmula de Green.

George Green foi um físico-matemático de primeira grandeza, embora tenha sido sempre um amador, e nunca tenha tido qualquer diploma universitário. Seu pai era dono de um moinho, trabalhava duro e achava que esse negócio de física- matemática era coisa de ...Deixa prá lá! Estudando por conta própria Green descobriu praticamente todos os métodos matemáticos da teoria de campos, entre os quais a função de Green e os potenciais $ \phi$ e $ \vec{A}$. Publicou, em pequena tiragem, por conta própria, suas descobertas em um tratado, que se tornou obra ambicionadíssima e rara, naqueles tempos sem xerox. Quando o jovem William Thomson, depois Lord Kelvin, visitou Paris, havia uma fila de físicos e matemáticos eminentes querendo ter uma entrevista com aquele jovem quase desconhecido. O que eles queriam era tomar emprestado o tratado de Green, do qual Kelvin era o feliz possuidor de uma cópia.


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Henrique Fleming 2003-08-11