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Exemplos de operadores unitários

O leitor verificará sem dificuldade que o operador $\hat{1}$, definido por

\begin{displaymath}
\hat{1}\psi = \psi
\end{displaymath}

é unitário. Para dar exemplos mais ricos, precisaremos definir a exponencial de um operador. Define-se $e^{\hat{O}}$ assim:
\begin{displaymath}
e^{\hat{O}}=\hat{1} + \hat{O} + \frac{1}{2!}\hat{O}
\hat{O} + \frac{1}{3!}\hat{O}\hat{O}\hat{O}+...
\end{displaymath} (65)

onde, naturalmente, se pode escrever $\hat{O}^2$ em vez de $\hat{O}\hat{O}$, etc. A idéia é usar a expansão da função exponencial numérica como modelo da expansão do operador. Usando-se esta definição, pode-se demonstrar a importante relação de Baker-Hausdorff-Campbell:
\begin{displaymath}
e^{\hat{A}}\hat{B}e^{-\hat{A}} =
\hat{B} +
[\hat{A},\...
...}]]+
\frac{1}{3!}[\hat{A},[\hat{A},[\hat{A},\hat{B}]]]+ ...
\end{displaymath} (66)

Uma aplicação imediata é esta: para $\hat{B}=1$, temos

\begin{displaymath}
e^{\hat{A}}e^{-\hat{A}}=1
\end{displaymath}

pois $[\hat{A},\hat{1}]=0$. Logo, $e^{-\hat{A}}$ é o operador inverso de $e^{\hat{A}}$. Considere um operador da forma $e^{i\hat{O}}$, com $\hat{O}=\hat{O}^+$, ou seja, hermiteano. Temos então,

\begin{displaymath}
\left(e^{i\hat{O}}\right)^+= e^{-i\hat{O}^+}=e^{-i\hat{O}}
\end{displaymath}

Logo,

\begin{displaymath}
\left(e^{i\hat{O}}\right)\left(e^{i\hat{O}}\right)^+=1
\end{displaymath}

ou seja, $e^{i\hat{O}}$ é unitário se $\hat{O}$ for hermiteano.
Exemplo: os seguintes operadores são unitários:

\begin{eqnarray*}
U(\epsilon) & = & e^{\frac{i}{\hbar}\epsilon \hat{p_x}}\\
U(\Delta t) & = & e^{-\frac{i}{\hbar}\hat{H}\Delta t}
\end{eqnarray*}



Chama-se operadores unitários infinitesimais operadores da forma

\begin{displaymath}
\hat{U}=1+i\epsilon \hat{O}
\end{displaymath}

com $\hat{O}=\hat{O}^+$. Note-se que um operador desse tipo é o truncamento da série que define o operador unitário $e^{i\epsilon
\hat{O}}$ que mantém apenas os dois primeiros termos. Ou seja, um operador unitário infinitesimal satisfaz a condição de unitaridade desde que se desprezem termos que contenham potências quadráticas de $\epsilon$ ou maiores. Explicitamente, temos, se $\hat{U}=1+i\epsilon \hat{O}$, $\hat{U}^+ = 1-i\epsilon \hat{O}$, e

\begin{displaymath}
\hat{U}\hat{U}^+ = (1+i\epsilon \hat{O})(1-i\epsilon\hat{O}...
...epsilon \hat{O}-i\epsilon\hat{O} + \epsilon ^2(...) \approx 1
\end{displaymath}

Seja $\hat{B}$ um operador invariante por uma transformação implementada pelo operador unitário infinitesimal $1+\frac{i}{\hbar}\epsilon \hat{O}$. Então

\begin{displaymath}
\hat{B}=\left(1+\frac{i\epsilon}{\hbar}\hat{O}\right)\hat{B...
...at{B}\hat{O}=\hat{B}+\frac{i\epsilon}{\hbar}[\hat{O},\hat{B}]
\end{displaymath}

Logo, devemos ter $[\hat{O},\hat{B}]=0$. Sumarizando: Seja $\hat{B}$ invariante pela transformação unitária $\hat{U}=e^{\frac{i\epsilon}{\hbar}\hat{O}}$. Então, $[\hat{B},\hat{O}]=0$. Define-se simetria de um sistema com hamiltoniano $\hat{H}$ uma transformação unitária que deixa o hamiltoniano invariante. Seja $\hat{U}=e^{\frac{i\epsilon}{\hbar}\hat{O}}$ uma simetria. Então, por definição, $[\hat{H},\hat{O}]=0$. Ora, isto significa que o operador $\hat{\dot{O}}=0$, ou, em outras palavras,que a quantidade física associada ao operador hermiteano $\hat{O}$ é conservada. Desta forma associamos simetrias a leis de conservação: a cada simetria corresponde uma quantidade conservada. Este resultado, na física clássica, é conhecido como o teorema de Noether.
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Henrique Fleming 2003-03-30