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A primeira refração





\begin{picture}(300,100)(0,0)
\CArc(150,75)(50,143,217) \CArc(70,75)(50,323,37)...
...0,40)(60,40){2}
\PText(65,40)(0)[b]{r}\DashLine(70,40)(100,40){2}
\end{picture}
A figura mostra um raio saindo de $P$ e incidindo sobre a lente, e o raio refratado (que existe só dentro da lente). Prolongando-se o raio refratado até que atinja o eixo da lente, determina-se o ponto $Q_1$. Esse raio, $TQ_1$, existiria se a propagação se desse num meio homogêneo de índice de refração igual ao da lente, $n$. O eikonal do raio refratado é, então,
\begin{displaymath}
S=n\sqrt{x^2+y^2+(z-a+r)^2}
\end{displaymath} (49)

pois as coordenadas de $Q_1$ são $x=0$, $y=0$, $z=-(r-a)$. Para pontos próximos à primeira face da lente temos $z=a+\zeta$, com $\vert a\vert\gg\vert\zeta\vert$. Então,
\begin{displaymath}
S=n\sqrt{x^2+y^2+(r+\zeta)^2}
\end{displaymath} (50)

ou, aproximadamente,
\begin{displaymath}
S=n(r+\zeta+\frac{x^2+y^2}{2r})+S_0
\end{displaymath} (51)

onde $S_0$ é uma constante. Em geral essa constante aditiva é desnecessária, embora esteja sempre presente, já que, sendo a equação do eikonal uma equação para $\vec{\nabla}S$, se um $S$ é solução, $S+S_0$ também o será, $S_0$ sendo uma constante arbitrária. Neste problema que estamos estudando, imporemos a continuidade do eikonal numa determinada superfície, e, para isso ser possível, é necessário incluir o $S_0$. A condição de contorno é que o eikonal (a fase!) varie continuamente ao atravessar a face da lente. Se isto não lhe parece intuitivo, note que é sob essa condição que se obtém a lei de Snell-Descartes para a refração numa superfície plana, o que pode ser considerado uma ``verificação experimental'' do fato. Para pequenas aberturas os pontos que satisfazem a Eq.(48) da superfície são tais que
\begin{displaymath}
x^2+y^2+(\zeta-R_1)^2=R_1^2
\end{displaymath} (52)

ou, como $R_1\gg\vert\zeta\vert$,
\begin{displaymath}
x^2+y^2+R_1^2(1-\frac{\zeta}{R_1})^2=R_1^2
\end{displaymath} (53)

ou ainda,
\begin{displaymath}
\zeta=\frac{x^2+y^2}{2R_1}
\end{displaymath} (54)

Devemos ter a coincidência dos dois eikonais sobre a superfície da lente. Então,
\begin{displaymath}
\{a+\zeta+\frac{x^2+y^2}{2a}\}_{Sup}=\{n(r+\zeta+
\frac{x^2+y^2}{2r})+S_0\}_{Sup}
\end{displaymath} (55)

que leva a
\begin{displaymath}
a+\frac{x^2+y^2}{2R_1}+\frac{x^2+y^2}{2a}=nr+S_0+n\frac{x^2+y^2}{2R_1}
+n\frac{x^2+y^2}{2r}
\end{displaymath} (56)

ou seja,
\begin{displaymath}
S_0+nr=a
\end{displaymath} (57)

e
\begin{displaymath}
\frac{1}{2R_1}+\frac{1}{2a}=\frac{n}{2R_1}+\frac{n}{2r}
\end{displaymath} (58)

ou ainda
\begin{displaymath}
\frac{n-1}{R_1}=\frac{1}{a}-\frac{n}{r}
\end{displaymath} (59)

Esta equção resolve o problema da refração por um dioptro esférico.
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Henrique Fleming 2002-04-24