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A equação da continuidade é nossa velha conhecida. Na linguagem tradicional
ela se escreve
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(117) |
Vamos introduzir a seguinte quantidade, de 4 componentes:
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(118) |
que significa o seguinte: as componentes de
são
,
,
e
. Com essa notação , a equação da
continuidade pode ser expressa de uma forma compacta:
logo, a equação da continuidade pode ser escrita
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(121) |
Mas há muito mais do que comodismo nisso. O próximo passo é
o seguinte postulado:
é um 4-vetor. No momento em que
digo isto, a Eq.(121) adquire um significado muito maior, pois,
se
é um 4-vetor,
é um invariante (ou escalar), e a equação (121) diz que
um escalar é igual a zero num sistema de referência. Logo, é
igual a zero em qualquer sistema de referência (inercial, bem entendido).
Ou seja, supor que
é um 4-vetor é um grande passo, cheio de
conseqüências. Por que
é um 4-vetor? É um palpite (embora tenha
o nome pomposo de postulado). Vamos ver se dá certo. Se todas as
consequências desse palpite forem verdades da natureza, o palpite
está apoiado pela experiência. É assim que se faz ciência5.
Suponhamos que
seja, mesmo, um 4-vetor. Então,
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(122) |
Para a transformação especial de Lorentz, teremos
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(123) |
Tomemos aquele particular
, em
, que tem a forma
, ou seja, uma carga em repouso em
. Então,
no sistema
,
Temos ainda a componente
O resultado faz sentido, pois o observador ligado a
vê uma carga se movendo
com velocidade
e, pelo cálculo anterior, com uma densidade de carga
.
Uma conseqüência importante é que a carga é um invariante. De fato, pela
contração de Lorentz sabemos que um volume
para o observador em
é
visto pelo observador em
como
. Então, temos
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(131) |
e a carga é um invariante. Um bom teste experimental da invariância da carga
é o seguinte: considere um fio comum de instalação elétrica. Ele é neutro,
as cargas negativas exatamente compensando as cargas positivas. Aqueço
o fio. À nova temperatura, os elétrons terão ganho muito mais velocidade do
que os íons positivos (pois a energia cinética média é igual para os dois, e as
massas são muito diferentes). No entanto, o fio continua neutro, mostrando que
a igualdade das cargas continua a ser verificada.
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Henrique Fleming
2002-04-15