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Na mecânica quântica os estados, situações de máxima
informação, são representados por vetores em um espaço
complexo (bras
e kets
).
As propriedades físicas são representadas por operadores
lineares hermiteanos sobre este espaço. A liberdade existente na
descrição física corresponde à liberdade de
representação matemática associada a operadores unitários,
 |
(1) |
ou
 |
(2) |
Quando vetores e operadores são transformados na forma seguinte:
todas as relações numéricas entre vetores e operadores são
conservadas:
Também a relação
 |
(8) |
é conservada:
 |
(9) |
e
 |
(10) |
logo,
 |
(11) |
Finalmente,
 |
(12) |
de maneira que se
é hermiteano,
também o é.
Um conjunto completo de estados
forma uma base do
espaço de estados. Um vetor arbitrário
é
representado por suas componentes
relativas a essa base. A expressão é:
 |
(13) |
e a relação
é a relação de completude (entre os físicos,
``completeza'').
A partir da base
pode-se obter uma outra,
, por uma trnasformação unitária
 |
(14) |
e as componentes do vetor
serão
 |
(15) |
que podem também ser interpretadas como as componentes, relativas à base
inicial, do vetor
. Analogamente,
 |
(16) |
Suponhamos que sejam realizadas, sobre a base
,
primeiro uma transformação
, e a seguir uma
. Do
ponto de vista ``ativo'', o vetor
é levado em
, e este em
. As
componentes reagem assim:
 |
(17) |
Esta transformação é produzida, em 1 passo, pelo operador
A ordem oposta das operações é efetuada pelo
operador
. Seja
o operador que liga as duas ordens,
ou seja,
![\begin{displaymath}
U_{\left[12\right]}U_{1}U_{2}=U_{2}U_{1}
\end{displaymath}](img41.png) |
(18) |
Naturalmente,
![\begin{displaymath}
U_{\left[12\right]}=U_2U_1U_{2}^{-1}U_{1}^{-1}=U_{\left[21\right]}^{-1}
\end{displaymath}](img42.png) |
(19) |
Chama-se transformação unitária infinitesimal uma
transformação da forma
 |
(20) |
onde
é um número muito pequeno e
é
hermiteano.Temos
 |
(21) |
No que se segue vamos, para aliviar a notação, supor
incorporado a
. A transformação infinitesimal será, isto
é, denotada por
.
Suponhamos que
e
sejam tansformação infinitesimais
unitárias. O operador
associado a eles é também
unitário. Como a combinação de um número finito de
transformações infinitesimais deve ser uma transformação
infinitesimal, deve existir
hermiteano, tal que
![\begin{displaymath}
U_{\left[12\right]}=1+iG_{\left[12\right]}
\end{displaymath}](img51.png) |
(22) |
Qual é a relação entre
,
e
?
Como
, segue que
![\begin{displaymath}
U_{\left[12\right]}=(1+iG_{2})(1+iG_{1})(1-iG_{2})(1-iG_{1})
\end{displaymath}](img55.png) |
(23) |
ou
![\begin{displaymath}
U_{\left[12\right]}=1+i^2\left(G_{2}G_{1}-G_{1}G_{2}\right) +
G_{1}G_{1}+G_{2}G_{2}
\end{displaymath}](img57.png) |
(24) |
e, mantendo só os termos lineares,
![\begin{displaymath}
U_{\left[12\right]}=1 + i\left(\frac{1}{i}\left[G_{1},G_{2}\right]\right)=1 + iG_{\left[12\right]}
\end{displaymath}](img58.png) |
(25) |
Note que os termos
e
são de segunda ordem, e
são cancelados se se escreve a contribuição completa té
segunda ordem, que é
![\begin{displaymath}
U_{\left[12\right]}=(1+iG_{2}+\frac{i^2}{2!}G_2G_2)(1+iG_1+\...
..._1)
(1-iG_2+\frac{i^2}{2!}G_2G_2)(1-iG_1+\frac{i^2}{2!}G_1G_1)
\end{displaymath}](img61.png) |
(26) |
Desta maneira, obtemos
![\begin{displaymath}
U_{\left[12\right]}=1+iG_{\left[12\right]}
\end{displaymath}](img51.png) |
(27) |
com
![\begin{displaymath}
G_{\left[12\right]}= -G_{\left[21\right]}=\frac{1}{i}\left[G_1,G_2\right]
\end{displaymath}](img62.png) |
(28) |
que introduz o comutador
.
O efeito de uma transformação infinitesimal unitária sobre um
operador é dado por
![\begin{displaymath}
UXU^{-1}=(1+iG)X(1-iG)=X+iGX-iXG=X+\frac{1}{i}\left[X,G\right]
\end{displaymath}](img64.png) |
(29) |
ou
 |
(30) |
com
![\begin{displaymath}
\delta X=\frac{1}{i}\left[X,G\right] \;.
\end{displaymath}](img66.png) |
(31) |
Da penúltima equação segue que
 |
(32) |
ou
ou seja,
 |
(33) |
uponhamos que
 |
(34) |
com
![\begin{displaymath}
\delta_1 X=\frac{1}{i}\left[X,G_1\right]
\end{displaymath}](img71.png) |
(35) |
Queremos calcular
, onde
é
outra
transformação infinitesimal unitária. Temos
=\frac{1}{i}\left[X,G_1\right]+
G_2\left[X,G_1\right]-\left[X,G_1\right]G_2
\end{displaymath}](img74.png) |
(36) |
de maneira que
![\begin{displaymath}
U_2\delta_1X U_2^{-1}=\delta_1X+\frac{1}{i}\left[\frac{i}{i}\left[X,G_1\right],G_2\right]
=\delta_1X +\delta_2\delta_1X
\end{displaymath}](img75.png) |
(37) |
Mais geralmente,
 |
(38) |
e, naturalmente,
 |
(39) |
Finalmente,
 |
(40) |
Notando que
esta última relação pode ser escrita
![\begin{displaymath}
U_{\left[12\right]}U_1U_2XU_2^{-1}U_1^{-1}U_{\left[12\right]}^{-1}-U_1U_2XU_2^{-1}U_1^{-1}
=\delta_{\left[12\right]}X
\end{displaymath}](img83.png) |
(43) |
Obtém-se assim
![\begin{displaymath}
\delta_{\left[12\right]}X=\delta_2\delta_1X-\delta_1\delta_2X
\end{displaymath}](img84.png) |
(44) |
que, em termos de comutadores, é escrita:
![\begin{displaymath}
\left[X,\left[G_2,G_1\right]\right]+\left[G_1,\left[X,G_2\right]\right]+\left[G_2,\left[G_1,X\right]\right]=0
\end{displaymath}](img85.png) |
(45) |
que é a famosa identidade de Jacobi.
Consideremos agora um grupo de transformações unitárias de
parâmetros
, (
), abreviados por
.
Se
e
são operadores deste grupo, é
necessário que
 |
(46) |
onde
são os parâmetros de
um outro elemento do grupo. Uma transformação infinitesimal do
grupo, com parâmetros
, é construída a
partir de
 |
(47) |
ou seja,
 |
(48) |
onde os
operadores hermiteanos
, agora finitos, são
denominados geradores do grupo. Os geradores não são únicos,
dependendo da escolha de parâmetros: transformações lineares
reais e não-singulares dos parâmetros podem ser usadas para passar
a um outro conjunto de geradores.
Seja
o operador de uma transformação
infinitesimal. Submetendo-a a uma transformação unitária
arbitrária, deve-se obter ainda uma transformação
infinitesimal. Finalmente, devemos ter
 |
(49) |
onde os números
são reais. No espaço dos
parâmetros podemos usar a notação matricial
 |
(50) |
Associada a esta, temos (aplicando
à esquerda,
à
direita):
ou, finalmente,
 |
(53) |
com
 |
(54) |
onde
é a transposta da matriz
.
Note-se que, se as
forem unitárias, temos
 |
(55) |
de maneira que, para
unitárias,
.
As matrizes
e
são representações
do grupo unitário a
parâmetros
. (Esta particular
representação é denominada representação adjunta).De
fato, a
associação de
(e
) a um operador unitário
é
linear e preserva a multiplicação, pois
 |
(56) |
e
 |
(57) |
Como a matriz
está associada ao operador
, podemos
escrever
Comop
, segue que
 |
(60) |
ou
 |
(61) |
Se as matrizes
,
forem unitárias,
.
Como se transforma
por uma transformação infinitesimal
unitária?
 |
(62) |
dando
![\begin{displaymath}
i\delta\lambda_b\left[G,G_b\right]=i\delta\lambda_bg_bG
\end{displaymath}](img130.png) |
(63) |
ou
![\begin{displaymath}
\left[G,G_b\right]=g_bG=-G\hat{g}_b
\end{displaymath}](img131.png) |
(64) |
Introduzindo a notação
 |
(65) |
temos
![\begin{displaymath}
\left[G_a,G_b\right]=\sum_c(g_b)_{ac}G_c=\sum_cg_{abc}G_c
\end{displaymath}](img133.png) |
(66) |
e daí se vê que
 |
(67) |
Note-se que, no caso de
, temos
,
ou seja,
é antissimétrica. Logo, neste caso, adicionalmente,
 |
(68) |
e as ``constantes de estrutura'' são totalmente antissimétricas.
Como decorrência da correspondência (que preserva a
multiplicação) entre
e
(e
), as matrizes
e
satisfazem as
relações de comutação
![\begin{displaymath}
\left[g_a,g_b\right] = \sum_c g_{abc} g_c
\end{displaymath}](img142.png) |
(69) |
e
![\begin{displaymath}
\left[\hat{g}_a,\hat{g}_b\right] = \sum_c g_{abc} \hat{g}_c
\end{displaymath}](img143.png) |
(70) |
De fato, para o caso das
, temos
![\begin{displaymath}
U_2U_1GU_1^{-1}U_2^{-1}-U_1U_2GU_2^{-1}U_1^{-1}=
G\left(\hat...
...\hat{u}(\lambda_2)\right)=-\left[G,\left[G_1,G_2\right]\right]
\end{displaymath}](img144.png) |
(71) |
Mas,
Por outro lado,
Então
![\begin{displaymath}
-G\sum_{a,b}\delta_1\lambda_b\delta_2\lambda_a\left[\hat{g}_a,\hat{g}_b\right]=g_{abc}\hat{g}_c
\end{displaymath}](img157.png) |
(74) |
e
![\begin{displaymath}
\left[\hat{g}_a,\hat{g}_b\right]=g_{abc}\hat{g}_c
\end{displaymath}](img158.png) |
(75) |
Quod erat demonstrandum.
Essas relações, e suas parentes próximas
![\begin{displaymath}
\left[g_a,g_b\right] = \sum_c g_{abc} g_c
\end{displaymath}](img142.png) |
(76) |
podem ser escritas, por extenso, assim:
 |
(77) |
Uma outra forma, abreviada, é
![\begin{displaymath}
\left[\left[G_a,G_b\right],G_c\right]+\left[\left[G_b,G_c\right],G_a\right]+\left[\left[G_c,G_a\right],G_b\right]=0
\end{displaymath}](img160.png) |
(78) |
que é a identidade de Jacobi.
Vamos introduzir agora um procedimento eficiente para determinar as
constantes de estrutura de um grupo unitário definido a partir de
suas propriedades geométricas.
Pondo
e usando a relação básica
![\begin{displaymath}
U_{\left[12\right]}=U_2U_1U_2^{-1}U_1^{-1}
\end{displaymath}](img167.png) |
(82) |
temos
Assim,
![\begin{displaymath}
i\sum_{c}\delta_{\left[12\right]}\lambda_c G_c=i\sum_{b,a,c}\delta_2
\lambda_b \delta_1\lambda_a \frac{1}{i}g_{abc}G_c
\end{displaymath}](img176.png) |
(85) |
e, finalmente,
![\begin{displaymath}
\delta_{\left[12\right]}\lambda_c=\sum_{a,b}\delta_1\lambda_a \delta_2 \lambda_b
(\frac{1}{i})g_{abc}
\end{displaymath}](img177.png) |
(86) |
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Henrique Fleming
2001-12-26