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A absortividade do corpo é definida como sendo a fração da energia
que incide sobre o corpo que é transformada em calor. Denotada por ,
temos, então, que a quantidade de energia que, por unidade de tempo, etc., é
transformada em calor é
, pois que estas quantidades
dependem da temperatura absoluta
. No equilíbrio, essa energia absorvida
pelo corpo deve ser reposta. Seja
a emissividade do corpo, isto é,
a quantidade de energia emitida pelo corpo nos mesmos
,
, etc.
Então, devemos ter
, ou
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A seguir Kirchoff introduziu o conceito de corpo negro, um corpo que transforma em
calor toda a radiação que incide sobre ele. O melhor modelo de corpo negro
é uma cavidade onde a luz entra por um orifício, mas só encontra o caminho de
saída depois de um número colossal de reflexões nas paredes. Em cada reflexão
um pouco de sua energia é absorvida. No limite, toda é absorvida. Pois bem,
usando argumentos típicos da termodinâmica da época, Kirchhoff mostrou
que, para um corpo negro, a densidade de energia era uma função
universal, independendo de como o corpo negro era construído. Segue que,
para qualquer corpo em equilíbrio com a radiação em uma cavidade,
é uma função universal. A emissividade para uma
dada freqüência e uma dada temperatura pode variar, no equilíbrio,
de corpo para corpo, mas a razão
independe do corpo.
Em particular, para o corpo negro,
, de maneira que temos que a
emissividade de um corpo negro independe do corpo. A aplicação que mais
terá interessado a Kirchhoff será, creio eu, a seguinte: suponhamos que,
para um determinado corpo (uma certa massa de gás, por exemplo), a
absortividade para uma determinada freqüência
seja nula. Então,
como a razão
independe do corpo, teremos que, para
esse gás,
. Ou seja, um corpo não emite uma freqüência que
ele não absorva (no equilíbrio). Este resultado, anteriormente obtido
empiricamente por Kirchhoff, encontrava aqui sua justificação. É claro
que, na descrição quântica da matéria, este resultado é trivial
e mais geral, não se restringindo ao equilíbrio. Mas que pudesse ser
descoberto por Kirchhoff em meados do século XIX é realmente
extraordinário.